a verdade histórica
A dimensão ideológica<br>da Segunda Guerra Mundial
Conhecer as causas e o carácter da Segunda Guerra Mundial, o conteúdo dos seus acontecimentos mais importantes, recordá-los segundo a verdade no tempo e a posição dos seus principais intervenientes é essencial para desmistificar as elaborações feitas à medida dos interesses da classe e da ideologia capitalista.
Em vários documentos do PCP, artigos publicados no Avante!, n' O Militante e em publicações das Edições Avante! encontramos informação e análise que esclarece a verdade da história. Entre os vários materiais, pela proximidade destacamos o documento do Secretariado do Comité Central «70.º Aniversário da Vitória sobre o nazi-fascismo – Pela Paz, contra o fascismo e a guerra» (1), o artigo de Jorge Cadima n' O Militante de Maio-Junho de 2015 e o «Dossier Segunda Guerra Mundial» (2).
No calendário da História há sempre uma data, um marco que assinala o início duma guerra, mas factos antecedentes germinam e são parte integrante da sua história. Assim é com a Segunda Guerra Mundial no final dos anos 20 e década de 30 do século passado. A crise dos Estados Unidos da América estende-se a toda a Europa. As ambições de redivisão imperialista do Mundo e busca de recursos naturais e matérias primas são uma constante. Na Alemanha, num quadro de grande crise económica e instabilidade política, os sectores mais reaccionários criam o partido nazi de Hitler que, combinando a mentira e a demagogia social com um forte aparelho de propaganda, explora sentimentos do povo e chega ao poder, decreta prisões em massa de comunistas, extingue os sindicatos operários e persegue os judeus. Outras ditaduras fascistas assumem o poder: em Itália, em Portugal e em Espanha (reprimindo a República, a vontade do povo, a vitória eleitoral da Frente Popular).
Mas a história destes anos também é marcada pela ascensão impetuosa do movimento operário e popular, pelo crescimento e prestígio de partidos comunistas inspirados pela Revolução de Outubro e pelos êxitos da União Soviética e pelos movimentos da resistência antifascista em vários países da Europa.
Ao longo de 70 anos (e não ficará por aqui), ideólogos e historiadores burgueses, serviços histórico-militares dos principais países capitalistas, têm editado e propagado a falsificação da verdade histórica. Encobre-se as causas que estão na origem da guerra: a crise e as contradições imperialistas e a luta entre capitalismo e comunismo. Não se identifica a natureza do fascismo: a ditadura terrorista dos círculos mais reaccionários e agressivos do capital financeiro. Esconde-se a estratégia imperialista de destruir o primeiro Estado socialista do mundo, a União Soviética. (3)
Analisar o presente, prevenir o futuro
Fazer esquecer a política e os esforços de paz da União Soviética orientados para a prevenção da guerra tem por objectivo excluir a análise de que ela poderia ter sido evitada mas, também, desculpabilizar o imperialismo, principal fonte de guerra. Fazer esquecer o que significou a determinação heróica do povo soviético, a palavra de ordem «Tudo para a frente, tudo para a vitória», na que se assumiu como a Grande Guerra Pátria, tem por objectivo fazer ignorar que a vontade e a participação dos povos conta na defesa dos interesses, da soberania e da independência do seu país. Fazer esquecer a força invencível do Exército Vermelho tem por objectivo apagar da História o papel decisivo da União Soviética na derrota do nazi-fascismo e que o desfecho da Segunda Guerra Mundial foi a vitória do socialismo sobre o capitalismo.
A Segunda Guerra Mundial deve ser reflectida no plano humano e material e na sua dimensão ideológica. Assim temos melhores condições de analisar o presente e prevenir o futuro.
Houve gerações que viveram a Segunda Guerra Mundial e, em discurso directo, transmitiram aos descendentes as atrocidades que não queriam que a humanidade esquecesse. Sucessivas gerações têm lutado para que nunca mais aconteça.
Hoje, são permanentes campanhas de mentira e branqueamento do imperialismo visando bloquear sentimentos de liberdade e retardar a confiança dos povos. Perante a ameaça do fascismo e de uma nova guerra mundial, é necessário alargar a confiança nas reais potencialidades de resistência ao imperialismo e de desenvolvimento da luta pela superação revolucionária do capitalismo (4).
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(1) – 23 de Abril de 2015
(2) – Edições Avante!, 2.ª edição, 2015
(3) – «A verdade e a mentira sobre a segunda Guerra Mundial», E. Kulkov, O. Rjechevski, I. Tchelichev, Edições Avante!, 1985
(4) Da Resolução Política do XIX Congresso do PCP, 30 de Novembro, 1 e 2 de Dezembro 2012